O mercado de aquisições, fusões, cisões e reestruturações corporativas apresenta intensa atividade nas últimas décadas. Em 2021, por exemplo, houve um recorde nessas transações. Em 2022, apesar da desaceleração medida no primeiro semestre, estima-se que o ano seja encerrado ainda com expressivo volume de negociações, segundo relatório global de M&A.
As análises de Fusões e Aquisições demonstram que o ano de 2022 está marcado pela volatilidade, trazendo reflexos no valor das empresas, que oscilou entre o primeiro e o segundo trimestre, demandando que os empreendedores compreendam melhor o valor justo de seus respectivos negócios.
Definir o valor de um negócio pode ser muito mais complexo, especialmente quando vivemos um cenário de inflação e alta volatilidade no mercado, provocado tanto pela pandemia, quanto pela situação de guerra da Ucrânia, entre outros fatores.
Por isso que a avaliação de uma empresa deve mensurar um valor que reflita o retorno esperado, com base em projeções de desempenho futuro coerentes com a realidade do negócio em análise.
Ou seja, é essencial que o estudo seja elaborado por profissionais qualificados e com longa experiência, que sejam capazes de compreender e tratar as diversas variáveis que impactam a avaliação de empresas.
Avaliação de Empresa - métodos do Valuation
O Valuation (Avaliação de Empresa) tem por objetivo avaliar o valor justo de uma empresa. Através dos métodos de fluxo de caixa descontado (DCF), avaliação relativa (Múltiplos de mercado) e opções reais.
O fluxo de caixa descontado é o método mais utilizado no mercado brasileiro, em qualquer setor e porte; já o modelo de avaliação por múltiplos apresenta-se como satisfatório para as empresas de grande porte e de capital aberto, é também um excelente balizador dos demais métodos. Por outro lado, a metodologia das opções reais busca precificar ativos com características opcionais, como patentes, extensões de negócios ou reservas de matéria prima.
Valuation é somente para grandes empresas?
É muito comum falar sobre a compra a venda de empresas ou incorporações de novos negócios a grupos econômicos em grandes companhias e multinacionais. Mas essas transações não são exclusivas a grandes empresas e também ocorrem em negócios menores – e não somente aqueles que estão sendo visados por gigantes do mercado.
Hoje, temos visto pequenas e médias empresas utilizando-se do M&A para alavancarem seus negócios. Fusão de empresas que oferecem serviços ou soluções complementares, ou negócios que podem deixar de ser concorrentes para que a nova empresa se consolide ainda mais forte no mercado são alguns dos exemplos que mais temos visto. Em operações como essas, é mais que necessário determinar o valor real da empresa, pois é onde o potencial investidor vai se basear para realizar seu aporte.
Valuation na prática:
Para muitas pessoas o processo de avaliação de empresas consiste apenas em levantar os números da empresa e aplicar as metodologias convencionadas. De fato, a avaliação de uma empresa envolve a necessidade de compreender os demonstrativos financeiros, além da aplicação de alguns métodos quantitativos (matemática financeira e estatística).
Entretanto, somente isso não será suficiente para realizar as projeções e estimar o desempenho futuro da operação, que é a base para maioria dos modelos de avaliação.
Para isso, é de fundamental importância analisar ainda os ambientes macroeconômicos e setoriais, com o propósito de alinhar as projeções estratégicas da empresa com as projeções econômicas para o mercado em que o negócio atua.
Sendo assim, quanto mais for conhecido o ambiente em que a organização está inserida, melhor poderá ser a avaliação. Portanto, é fundamental que o processo de avaliação tenha início com estudos macroeconômicos, considerando os elementos conjunturais que servem de base para a performance da empresa analisada.
Dentre esses elementos, destacam-se os indicadores de desenvolvimento da economia, tais como:
- PIB (Produto Interno Bruto);
- Taxas de Juros (Selic e CDI);
- Expectativas cambiais;
- Nível de emprego;
- Inflação;
- Comércio exterior.
Além disso, é preciso avaliar o setor no qual companhia está inserida: suas potencialidades, formação de preços, cadeia de suprimentos, mão de obra qualificada, condições de concorrência, barreiras protecionistas e estatísticas de evolução dos últimos anos.
Desta forma, pode-se afirmar que a avaliação de empresas depende das expectativas futuras de desempenho, da previsão de fluxos de caixa futuros e da consideração dos riscos envolvidos nas empresas. E ainda é válido considerar as variáveis subjetivas, como credibilidade de mercado, valor da marca da empresa ou de seus produtos, além de depender das influências e expectativas do analista.
Neste contexto, há vários métodos de avaliação de empresas que podem ser usados em conjunto com objetivo de aperfeiçoar e aprofundar o estudo. A qualidade de uma avaliação está diretamente ligada a qualidade dos dados, informações e do tempo investido em compreender a empresa avaliada.
Todas essas premissas devem ser bem estruturadas e definidas, porém, apesar de todo o trabalho, deve ficar claro que nenhum estudo de Valuation é ou eterno. Sua revisão deve ser constante, visando incorporar às perspectivas futuras novas informações à medida que o tempo passa.
Autor: Tiago Rodrigo Fischer